Nove entre dez atrizes preferem fazer a vilã da história.
Carolina Dieckmann faz parte justamente da minoria: ela gosta mesmo
é de chorar com as mocinhas das novelas. Foi por causa de uma
personagem do bem que Carolina adiou férias mais prolongadas. É que
assim que se livrou das maldades de Teodora, a periguete de "Fina
estampa", a atriz foi chamada para participar dos primeiros
capítulos de "Salve Jorge" como Jéssica, uma moça que cai na
conversa de uma quadrilha de tráfico de mulheres, chefiada por
Lívia (Claudia Raia), e é obrigada a se prostituir numa boate em
Madri, na Espanha.
— Eu adoro fazer as mocinhas, e Jéssica é a mais complexa que já
fiz. Ela sonha com uma vida melhor e se vê num pesadelo. É o tipo
de papel que não se recusa, adiei as minhas férias por isso — conta
Carolina, que trabalha pela primeira vez com Gloria Perez: — Já
queria muito fazer uma novela dela.
Estupro e morte
A previsão é que Jéssica morra por volta do capítulo 20, mas até
agora Carolina Dieckmann não recebeu as cenas de seu fim. Certo
mesmo é que Jéssica é espancada e estuprada em sua curta — porém
marcante — passagem pela novela. Na primeira noite na boate, a
loura finge um desmaio para não trabalhar. Na segunda, tenta fugir
pedindo ajuda ao cliente. Mas é delatada e acaba sendo espancada
pelo segurança.
— Fiz a minha cena mais difícil na vida. Quando acabou eu não
parava de chorar. Fiquei uns 20 minutos chorando sozinha. É tudo
muito forte, chocante. Nem quando fiz a Camila (de "Laços de
família"), fiquei tão mal — explica Carolina, que mudou o visual
para o novo trabalho: — A franja dá a inocência que ela
precisa.
Dedicada, Carolina fez questão de participar de todos os eventos
de divulgação da novela, mas, apesar do carinho pela personagem,
ela nem pensa na possibilidade de continuar na trama:
— Jéssica ficaria meio sem função. Ela tem que morrer mesmo para
a história das mulheres traficadas poder continuar.