"Nunca me preparei tanto para um trabalho. Existe uma responsabilidade muito grande em mostrar como funciona esse esquema de tráfico humano e alertar para que as pessoas não caiam nesse conto", avalia.
Jéssica é mais uma das meninas que, iludida com a possibilidade de um futuro melhor, aceita um suposto trabalho em uma pizzaria turca para tentar juntar alguns dólares. Mas, quando chega lá, descobre que caiu em uma armadilha e é obrigada a se prostituir. Um destino que se assemelha demais ao traçado para a mocinha Morena, de Nanda Costa.
"Acho que a função da Jéssica na trama é abrir espaço para tratar essa questão do tráfico. Quem vai ficar vivendo mais tempo esse drama é mesmo a personagem da Nanda", adianta.
Carolina sabe que não ficará a novela inteira. Mas, jura, não tem ideia de quando encerra seu trabalho no folhetim."Já recebi até o capítulo 18 e, por enquanto, nem sinal de desfecho", explica.
E já supõe que, assim como aconteceu em Passione, quando encarnou Diana, sua personagem deve morrer.
"Acho que é a única forma de resolver essa situação. Se ela simplesmente sumir, fico presa à trama porque uma hora vai ter de aparecer. E acho que não é essa a intenção da autora", torce Dieckmann, que garante não ter recebido informações de Glória Perez sobre essa questão.
Acostumada a viver mocinhas sofredoras na tevê – ela desempenhou a mesma função em Três Irmãs, Senhora do Destino e Laços de Família, entre outras novelas –, a atriz não esconde que adora esta situação. E, por isso mesmo, fala sem problemas sobre a época em que foi massacrada pela crítica na pele da jornalista Diana de Passione.
"Isso não mexeu comigo. Vejo as pessoas caírem no pau em cima da Débora (Falabella) por causa de Avenida Brasil e é assim mesmo. Toda mocinha, em algum momento, cai nesse buraco. São histórias heróicas e o herói, na maioria das vezes, fica chato", argumenta ela, que não disfarça o descontentamento com o final escrito por Silvio de Abreu para Diana, na época: a morte durante o parto.
"Fiquei bem triste e não só como atriz, mas como telespectadora também", diz.
Exatamente por não saber quanto tempo mais deve se dedicar a Salve Jorge, Carolina não tem nenhum outro trabalho programado dentro ou fora da tevê. Mas já está cotada para um dos principais papéis na próxima novela de Walcyr Carrasco, que será dirigida por Wolf Maya e substituirá a trama de Glória Perez na faixa das 21 horas da Globo. Porém, desconversa quando questionada sobre o assunto.
"Eu até já tenho um compromisso para o futuro, mas não posso falar sobre isso ainda. Por enquanto, sou da novela da Glória. E só dela", atesta.
Salve Jorge Globo Estreia nesta segunda, dia 22, às 21 horas.
Fragilidade aparente
Fisicamente, Carolina Dieckmann está bem diferente de quando apareceu na tevê em seu último trabalho, a periguete Teodora de Fina Estampa. Além da franja, que ajuda a dar o toque angelical e ingênuo que a Jéssica de Salve Jorge carrega, Carolina perdeu 10 % de seu peso, passando de 54 quilos para 49. Isso porque decidiu abandonar o corpo sarado que conquistou para viver a golpista da trama de Aguinaldo Silva, que se encerrou em março.
"Antes, eu vivia uma mulher de lutador interesseira. Agora, não. Essa personagem precisa aparentar uma fragilidade e meu físico não combinava em nada com isso", explica.
Para diminuir as medidas, ela garante que não precisou fazer qualquer sacrifício.
"Só fiquei parada, de pernas para cima, sem malhar. Tudo que perdi foi de músculo", conta ela, que guarda com carinho as lembranças dessa última personagem.
"Foi uma fase bem gostosa. É bom fazer papéis que o público adora. E, ultimamente, os cômicos e essas mulheres 'periguetes' são os que mais agradam", avalia.
Instantâneas
# Entre o final das gravações de Fina Estampa e o início de Salve Jorge, Carolina filmou o longa A Pele do Cordeiro. Além dela, atuam no filme Caio Blat, Maria Ribeiro e Julio Andrade.
# A atriz estreou na tevê na minissérie Sex Appeal, em 1993, ao lado das também estreantes Camila Pitanga e Luana Piovani.
# O primeiro trabalho de Carolina foi como modelo. O convite para iniciar a carreira veio depois que ela foi vista, aos 13 anos, jogando bola em uma praia de Bzios, no Rio de Janeiro.
# Uma das sequências mais marcantes da teledramaturgia recente foi protagonizada por Carolina. Em 2000, quando interpretava Camila, uma jovem que lutava contra a leucemia em "Laços de Família, ela raspou a cabeça em cena.
