Carolina Dieckmann diz que se surpreendeu com a reação do público em relação a Jéssica

Tente lembrar da sua vilã de novela preferida? Agora diga o nome da mocinha chorosa e dramática que ganhou a sua torcida? Difícil, né? A máxima entre o público e até mesmo entre a classe artística é a mesma: vilãs são exaltadas e mocinhas, execradas. Carolina Dieckmann sabe bem o que é isso. Camila, de "Laços de família" e Diana, de "Passione", foram só algumas protagonistas do bem que foram rejeitadas pelo público. A última, aliás, chegou a morrer no parto para conter a fúria dos telespectadores. E qual não é a surpresa ao ver o mesmo telespectador implorar que Jéssica, a chorona da vez em "Salve Jorge", não morra como o previsto?

— Eu me sinto com a alma lavada! Sou a favor do bem, a minha religião é o bem, é o amor ao próximo. Sempre me pergunto: "O que está acontecendo que não está todo mundo torcendo pela mocinha?". Tem alguma coisa errada! — diz Carolina.

Defensora das boazinhas (a atriz só fez uma vilã clássica, a louraça Leona em "Cobras & lagartos", em 2006), a loura vive uma experiência inédita em seus quase 20 anos de carreira interpretando personagens do tipo: o de ver o público torcendo para ela.

— Fiquei chocada com essa comoção! Não há uma pessoa que me encontre na rua que não diga que Jéssica não tem que morrer. E também ouço as pessoas comentando que é o núcleo mais legal. É visível que existe um interesse na história dela. E isso em se tratando de uma mocinha é extasiante — comemora.
Desde o início da história de Gloria Perez, Jéssica ganhou o apoio do público, o que deixou a intérprete da traficada surpresa:

— Eu tinha receio de as pessoas rejeitarem Jéssica por ela tratar de um tema forte demais. Minha personagem tem todas as nuances de mocinha, vive dramas intensamente, sofre, luta. Só não sofre por um mocinho!

‘Eu, como atriz, fiquei frustrada’

Traficada para ser garota de programa já no primeiro capítulo da novela, Jéssica já levou surra, teve suas roupas rasgadas, ficou com os seios de fora, foi estuprada e chorou muito. Sequências que exigem concentração o tempo inteiro.

— É um personagem denso demais. Nunca vou gravar uma cena de café da manhã ou conversar com a mãe. Não tem isso. As cenas são sempre de gritaria, desespero, pancadaria. Ela é toda pintada em tons fortes — explica.

Para gravar a sequência do estupro, aliás, Carolina se preparou muito. Conversou à beça com Adriano Garib, o Russo, ficou mais reclusa no estúdio e não atendeu a nenhum telefonema enquanto esperava para gravar. Tanto trabalho, no entanto, foi em vão, já que a violência sexual não foi exibida. Apesar de ter se dedicado à cena, Carolina garante que concordou com a posição da emissora em não exibir as imagens:

— Eu, como atriz, fiquei frustrada porque estudei pra caramba, fiz tudo, o resultado ficou lindo. É óbvio que eu adoraria ver no ar, adoraria que vissem meu trabalho. Mas eu, como mãe, não gostaria que meu filho assistisse. Às 21h ainda tem crianças na sala. A emissora fez o certo e não prejudicou a história.

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