Convidada pessoalmente pela autora, Gloria Perez, para encabeçar a campanha social contra esse crime que será movida pela trama global, Carolina não pensou duas vezes. E abriu mão das férias para assumir o que considera um trabalho irrecusável. "Depois da Camila (a jovem com leucemia que ela viveu em "Laços de Família", em 2000), achei que nunca mais seria chamada para um papel com tal dimensão dramática. A Jéssica tem um sentido social enorme", diz.
Na entrevista a seguir, ela fala da vida pessoal e da emoção com o seu papel na trama das 9.
O que levou você a aceitar essa participação?
Gloria Perez precisava de uma atriz para introduzir a questão do tráfico e abrir as portas desse universo para a protagonista, Nanda Costa, poder continuar (Morena também será traficada na história).
Teve contato com moças que foram traficadas?
Encontrei algumas que foram traficadas e conseguiram voltar ao Brasil. Conversei também com famílias de meninas que não conseguiram retornar e foram mortas no exterior.
Como é representar essa personagem?
Muito duro, muito duro... Saio esgotada do estúdio. Às vezes tenho que segurar a emoção para não chorar no meio de uma cena. Não tenho filha mulher, mas se tivesse estaria ainda mais abalada. Estou muito apegada a essa causa. Inclusive, não é uma questão com a qual a gente se preocupa só pelo filho da gente. É uma questão que deve preocupar o Brasil, as autoridades precisam investigar... As pessoas têm de estar atentas.
Carolina Dieckmann em "Laços de Família", do ano 2000
Sim. A Camila, sem ninguém ter culpa, enfrentou a doença e sobreviveu. Até que teve uma história feliz. A Jéssica vai trabalhar fora do Brasil achando que será numa pizzaria, tem o sonho de comprar uma casa para a família e é presa. Claro, a coisa mais importante da vida da gente é a saúde, mas a Jéssica é privada da liberdade, da saúde, de tudo.
Mudando um pouco de assunto... Ficou satisfeita com o resultado da investigação sobre suas fotos íntimas que caíram na internet?
Altamente satisfeita, principalmente com o trabalho da polícia. É uma coisa que a gente não espera, né? Foi muito solitária a decisão de abrir e peitar essa história. Quando decidi lutar contra isso, muitas pessoas me falaram que não ia dar em nada, pois não iam achar os caras, que não existe crime de internet, não tem legislação... Se fosse assim, a punição seria impossível. Não é! Hoje a gente tem uma lei, e o crime será punido, sim. O que ficou para mim é que hoje em dia a gente pode esperar alguma coisa da Justiça.
O fato de ser uma pessoa pública ajudou?
Óbvio que isso pode ter agilizado, mas o que ficou claro é: a gente tem condições de achar o criminoso e puni-lo. Isso é muito mais importante do que o fato de eu ser famosa ou não.