Carolina Dieckmann é entrevistada pela revista Conta Mais

Linda, loira e talentosa, a atriz Carolina Dieckmann está com tudo em cima mais uma vez… Na pele de Jéssica, mocinha, vítima do tráfico internacional de mulheres para prostituição, de Salve Jorge, de Glória Perez, Carol tem mostrado que nasceu para ser atriz mesmo, tanto que até sua personagem, que estava com os dias contados, ganhou mais um tempo na trama do horário nobre que vem batendo altos pontos no ibope. Se ela vai mesmo disputar o coração de Théo (Rodrigo Lombardi) com Morena (Nanda Costa), como tem sido comentado, só acompanhando essa história pra saber. Mas que muitas emoções ainda virão, isso é certo. Fora de cena, Carol se divide entre os cuidados com o maridão, Thiago Worcman e os filhos, Davi e José e comemora o fato de, por ter denunciado um crime virtual quando suas fotos foram roubadas e caíram na internet, o ato foi investigado, os culpados indiciados e o crime virou uma lei que ganhou o nome da atriz. Prova que é uma mulher decidida na vida e na arte.

Como tem sido interpretar uma mulher que foi traficada para prostituição em outro país?
Para ter uma ideia, numa das gravações, eu precisei de uns 20 minutos depois da cena para parar de chorar… Eu entrei numa catarse, nunca tinha acontecido isso comigo. Lembro de algo assim na morte da Diana, que eu fiquei muito emocionada. Mas nada chega perto do que eu senti dessa vez…

E aquela cena clássica da Camila, de Laços de Família, cortando os cabelos?
Aquela cena era diferente… Tinha uma carga enorme de emoção, sim. Mas era completamente diferente. Foi uma cena de emoção ali, mas, assim que acabou, todo mundo veio me abraçar, tinha uma beleza. Era uma cena de emoção, tinha sua tristeza mas tinha sua beleza, assim como a cena da Diana… Aquela coisa épica, de morrer para dar chance ao filho de viver. Essa foi diferente.

Talvez, porque as outras personagens estivessem de certa forma amparadas, enquanto a Jéssica está totalmente sozinha…
Pois é. Ela não tem amparo nenhum.

Como foi a preparação para a personagem? Você participou de algum workshop, conversou com pessoas que já foram traficadas?
Conversei com famílias de pessoas traficadas. Pessoas que voltaram, famílias de pessoas que não conseguiram voltar, que morreram. Teve uma mãe que não conseguiu ver o corpo da filha morta. Posso dizer que essa foi uma das personagens para qual eu mais me preparei.

Você esperava voltar ao trabalho tão cedo ou planejava férias?
Eu queria, sim. Porque terminei a Teodora (em Fina Estampa) e fui fazer um filme (Pele do Cordeiro) em São Paulo. Passei um tempo fora de casa, dai eu voltei e já entrei nessa novela. Mas, é isso. O ator é o personagem que pinta, as oportunidades que aparecem. É isso, ainda mais com um papel desse. E, foi um convite feito pela Glória (Perez). Ela me fez pessoalmente. Eu fiquei muito honrada, até porque foi uma coisa que ela escreveu depois. E por ela pensar em mim para fazer esse trabalho social, que é uma coisa que vejo um sentido enorme, fazer campanha social em novela, então me senti muito honrada mesmo! Jamais recusaria um convite desse. Vou te contar que, depois que a gente faz uma coisa grande, como foi o caso da Camila, a gente pensa: ‘será que alguém vai pensar em mim para fazer uma coisa dessa novamente?”. Essa é uma personagem irrecusável.

Você tem dois filhos. Tem vontade de tentar uma menina?
Não. Não tenho. Me perguntaram isso na saída da maternidade quando fui visitar a filha da Angélica (Eva). Se não tinha me aguçado para ter mais um e eu confesso
que não, apesar da gente ficar assim, meio boba, quando vê aquela coisinha rosinha, linda… Mas eu vou parar mesmo nos meus dois meninos.

Mas você não gostaria de ter mais um?
Olha, agora eu não penso nisso, não. Não tenho essa vontade de ter uma menina, porque acho que me dou melhor com o universo masculino. Enfim, tenho três irmãos homens, tenho dois filhos homens, acho que me viro bem no meio de homem. Mas independente de ser menino ou menina, na minha vida, hoje, não tem espaço para o terceiro filho. Porque a gente tem que criar, tem que ver crescer, tem que fazer a lição de casa… Ter filho para a babá criar é mole. O negócio é ter filho pra gente criar. Então, assim, eu já me sinto culpada, já venho trabalhar e já fico na crise… Dá o maior trabalho, gente… Não te como parar tudo agora e aumentar essa culpa, não dá (risos).

Como tem sido para manter esse corpão todo? Conta o que você tem feito.
Atualmente eu não tenho feito nada, até porque eu quero e preciso perder massa muscular. Eu já perdi 3 quilos, mas quero perder mais, porque a Teodora pedia aquele corpão sarado, todo forte. Já a Jéssica pede algo mais frágil, aquela coisa também para passar ingenuidade, inocência. Então, eu quero perder aquela coisa de ser forte.

Não dá pena perder todo o trabalho que você fez para ficar com aquele corpão?
A graça da minha carreira é ter um corpo a serviço da personagem. Então, eu não posso me apegar a um corpo ou a um cabelo, por exemplo, como aconteceu alguns anos atrás, o cabelo da Leona (de Cobras & Lagartos). Aquele é o cabelo que fica melhor em mim, mas eu não posso me apegar ao cabelo da Leona e trazer ele para minha vida. Não sou uma modelo ou uma pessoa com trabalho tradicional, eu sou uma atriz.

Então você é uma pessoa satisfeita com o seu corpo, você sempre foi ou teve algum momento em que a coisa não estava como você queria?
No começo da Teodora, por exemplo, que eu estava à procura dos músculos, confesso que acabei ficando menos satisfeita esteticamente, não tem a ver com sofrimento, porque a satisfação de ver a Teodora em cena e ver como aquele corpo funcionava para ela apagou qualquer tipo de insatisfação. Quando eu olhava, eu via que era real, pensava: ‘essa pessoa existe, é uma mulher de lutador’. Mas, ao mesmo tempo, hoje, quando vejo a Jéssica e sua fragilidade, percebo o quanto é importante estar com o corpo menos menos malhado para ela. A satisfação de ver esse resultado não tem preço. Eu parei de malhar e parei tudo!

Como foi que vocês chegaram nesse look: cabelos, etc?
A gente pensou na franja, porque a franja dá uma inocência, uma atmosfera angelical… Achamos que franja era um bom caminho. Obviamente, a gente acaba tendo a última personagem como referência, e a Teodora tinha aquela cara exposta e a franja também dá aquela coisa in, de introspecção. A cor é do meu cabelo crescido, não fizemos nada, está na cor natural. Quem cortou a franja foi o Ton Reis.

E qual é a história da sua personagem?
A gente não sabe. Não sabe de onde ela é, se tem pai, mãe, família… Não sabemos nada até agora. Voltando ao episódio das suas fotos pessoais que vazaram na internet.

Você ficou satisfeita com o resultado das investigações?
Sim. Fiquei altamente satisfeita. Muito satisfeita com a polícia, que é uma coisa que a gente não espera. A gente vive num país em que tem que se correr atrás, porque a coisas não acontecem assim. E quando eu fui dar parte, a polícia foi altamente solidária, porque muita gente me falava que isso não ia dar em nada, que ninguém ia achar esses caras, que crime de internet era algo sem legislação, sem nada, que era impossível… E não é. Hoje a gente tem uma lei, está se encontrando maneiras de punir o ato em si. E o mais importante que essa história deixa pra mim é que hoje em dia a gente pode esperar algo mais concreto, uma resposta positiva das autoridades.

Você não sentiu que o caso só andou porque você é a Carolina Dieckmann, uma pessoa pública com acesso aos meios de comunicação etc, ou você acha que a polícia está preparada para isso?
Obviamente, pode ter tido um peso o fato de eu ser uma pessoa pública. Isso pode ter agilizado, pode ter dado um outro tempo ao caso. Mas o exemplo maior é que a gente tem condições de achar pessoas que praticam esse tipo de crime. E isso é muito mais importante do que o fato de eu ser famosa ou não… É a capacidade da polícia de resolver. Porque muita gente, que também é famosa, falava que eu não ia encontrar essas pessoas e, no entanto, foi a polícia que achou. Se a polícia achou de uma pessoa famosa, ela também tem condição de achar de qualquer outra pessoa. O saldo disso tudo foi muito positivo porque a divulgação das fotos foi tão menor do que o crime... Eu fiquei preocupada com o que meu filho acharia disso tudo. E, por conta do resultado, eu pude ter uma conversa com ele, que anteriormente, sem punição por parte das autoridades, eu jamais poderia ter, e explicar que tudo que aconteceu foi algo criminoso, para ele ter cuidado com a internet.

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