Carolina Dieckmann é uma joia preciosa

O coque, os chapéus e os vestidos acinturados de Iolanda pouco dialogam com a vida real de sua intérprete Carolina Dieckmann. Numa moldura clara e simples, a atriz é aquilo que se vê: cabelos soltos, maquiagem natural e praticidade no jeito de encarar as coisas.

Mas a primeira personagem de época no currículo de Carolina tem uma musa inspiradora: Marli, sua avó materna. “Sabe aquela pessoa que nasceu na época certa? Ela era ruiva, tinha o cabelo preso do lado e se vestia desse mesmo jeito”, diz a atriz, que estreou na trama das seis no mesmo dia em que completou 35 anos. 

“Minha avó foi mãe aos 16. Naquela época, as mulheres eram mais maduras. Minha maturidade pessoal me fez entender a profundidade da Iolanda.”

Com 20 anos de carreira, Carolina gosta de experimentar a insegurança de iniciante. E é por isso que o sofrimento da personagem, vítima do vilão Ernest (José de Abreu), lhe é tão visceral. Prato cheio para a diretora Amora Mautner, com quem ela trabalha pela primeira vez. “Quanto mais provocada, mais a Carol vai render. É o tipo de atriz que eu gosto, que se entrega”, elogia Amora.

E dor não é material de cena novo para a atriz. Que o digam Camila, a jovem que lutou contra um câncer em “Laços de Família”, ou Jéssica, traficada e morta em “Salve Jorge”. Apesar do reconhecimento do público e da direção da TV Globo, Carolina prefere atuar “do zero”. E confia no acaso que a levou apenas agora para o universo antigo (em 2006, ela faria “Sinhá Moça”, mas foi escalada para sua primeira vilã, a Leona, de “Cobras & Lagartos”). “Na época fiquei louca, mas hoje sei que foi o melhor.” 

Sobre o assédio exagerado de fãs e de paparazzi, a atriz, que é casada com o Tiago Worcman  e tem dois filhos, Davi, de 14 anos (filho do ator Marcos Frota), e José, de 6, contemporiza: “Davi não gosta de fotógrafo. Estava na praia fazendo exercícios e ele logo amarrou a cara quando percebeu que tinha um ali. Explico que o que não tem remédio, remediado está. Não vou deixar de curtir o dia com ele por causa disso”.

Os boatos de que é antipática, Carol acredita que tenham vindo da polêmica com o “Pânico” — a atriz processou a RedeTV! por danos morais, depois que foi chamada pelo programa na porta de casa com guindaste e megafone.

“Ninguém até aquele momento tinha me chamado de antipática. Pode ter coincidido com a Leona, minha primeira vilã”,  opina a atriz, vítima em outra polêmica: o vazamento de fotos íntimas na internet, caso que culminou na criação da lei conhecida com seu nome, que promoveu alterações no Código Penal, tipificando crimes virtuais: “Fico orgulhosa em saber que outras mulheres vão se proteger com a lei”.
 
Sem lembranças impressas do passado
 
Da infância e da adolescência, Carol quase não tem registros: a casa da família foi destruída por um incêndio quando ela tinha 11 anos. Praticamente todas as fotos que o pai, amante da fotografia, fez dela e dos três irmãos foram perdidas. O pouco que conseguiu reunir com a avó e outros parentes ela compartilha com os fãs no perfil do Instagram.

Maternidade e medo da morte
Morrer é  o maior medo de Carolina: “A maternidade é um laço forte com a vida. Quero ver meus filhos me darem netos”. 

Vaidade zero
A mãe entrega que Carola é pouco vaidosa. “Ela foi criada no meio de três homens. A avó, que é uma bonequinha, odeia que ela ande de qualquer jeito”,  conta, denunciando, no entanto, que a filha já considerou se casar de novo para aparecer mais magra nas fotos: “Ela se casou grávida e disse que estava gorda”.

Elogios nos bastidores
“Não penso que tenho 35 e não penso que terei 40. Uma maquiadora da Globo me disse que eu envelheço igual homem, porque fico melhor com a idade.”

Além de servir de musa, a avó é defensora da atriz

Para a mãe da atriz, a artesã Maira Dieckmann, de 62 anos, Carola (como é chamada em família) não poderia ter uma profissão diferente. Aos 13 anos, trabalhava como modelo em uma agência e foi chamada para sua estreia na Globo, em “Sex Appeal”.

“Antes de saber que tinha passado no teste, ela já dizia par todo mundo que estava na novela. Minha preocupação era que ela se frustrasse. Mas sabia que ela faria bem. Tudo o que a gente fez foi dar estrutura e apoio”, recorda-se Maira.

Dona Marli, que ajudou a criar a menina enquanto a filha trabalhava, diz que o jeitinho de atingir objetivos acompanha a neta desde que ela era de colo. “Meu marido sempre disse que a Carola é uma artista. Ela ficava sentadinha no meu colo e ganhava carinho e comidinha na boca”, lembra-se a avó coruja, mas também leoa:

“Carola é assim porque eu passei a ela a educação que aprendi com os meus pais. É simples, não é falsa e eu não gosto que ninguém mexa com ela”, diz a avó e fonte de inspiração da atriz.

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