Carolina Dieckmann aprendeu cedo a lidar com pecados capitais. E aos 36 anos parece estar muito bem resolvida com todos. É daquelas mulheres que assumem o que ela chama de “preguiça feminina”. No dia desta entrevista, no café de uma livraria de um shopping em São Conrado, onde mora, contou ter acordado em cima da hora. “Botei um rímel pra você não achar que eu estava virada”, confessa. Apesar de gostar de dormir até tarde, ela levanta de bom humor. Algo que surpreendeu até mesmo uma de suas melhores amigas, Maria Ribeiro. “Quando fomos filmar Entre Nós, em 2012, a Maria dizia que essa era a única coisa que ela não conhecia de mim”, comenta.
A suposta disposição para o dia não se reflete em exercícios físicos, tampouco sexuais. Em matéria de prazeres carnais, a noite é, para ela, muito mais convidativa. “Acho a noite mais sexy que o dia e mais propícia. As crianças já estão dormindo, não há nenhuma expectativa de interromper nada. Não quero trepar com ninguém antes de escovar os dentes e lavar o rosto”, explica. Luxúria nunca foi a praia da atriz. Sexo para Carolina é com amor. “Eu não sou uma pessoa sensual, sexual, do sexo pelo sexo. Acho o amor a melhor parada. Sexo com amor é imbatível. Não acho a menor graça em sexo casual. Amar alguém, chegar ao clímax juntos, isso é a melhor coisa da vida. Deve até ter uma graça no sexo casual, mas quando você ama... E eu amo desde que sou muito jovem”, diz.
A atriz se casou pela primeira vez aos 18 anos com o ator e circense Marcos Frota, 23 anos mais velho. Separou-se sete anos depois, aos 25, por não aguentar mais “não ter um marido em casa”. De repente, ela se viu jovem, com uma criança pequena e o marido em trupe com o circo país afora. “Ele tem uma bandeira com o circo que é única. Mas eu, que casei com ele aos 18, com 25 anos não topei mais. Chegou uma hora em que eu queria ter um marido, que ficasse comigo todo dia”, conta. Apesar da decisão, Carolina levou um tempo para tomar coragem. Foi preciso uma terapeuta bioenergética para entender o trauma que a barrava. “Quando meus pais estavam para se separar, minha casa pegou fogo. Eu tinha 11 anos e perdemos tudo da noite para o dia. Naquele momento a decisão deles foi toda voltada para a família. Eles continuaram morando juntos durante muito tempo porque não tinham condições de se separar naquele momento. Quando eu estava nesse processo, a terapeuta identificou isso em mim.” Foi também com análise que aprendeu a lidar com a ira. Se você vir Carolina Dieckmann cuspindo, saiba: é esse o jeito dela de lidar com a raiva. “A bioenergética faz você se entender através dos sinais do corpo e expelir também. Toda vez que ficar com raiva, cuspa, não importa onde estiver. Não se deve engolir: eu não engulo.”
Um ano depois da separação Carolina conheceu o diretor Tiago Worcman, com quem está até hoje. A distância voltou a rondar o relacionamento dela desde que o marido se mudou para São Paulo para assumir a MTV Brasil, e depois foi promovido a vice-presidente da Viacom, responsável pelo conteúdo da emissora em toda a América Latina. Ela dá risada da situação. Mas, diz, os tempos são outros. “Hoje, amor pra mim não significa só o que eu sinto pelo Tiago, mas pela nossa vida, nossa família, nossa relação, que eu acho do caralho. Nesse sentido, a distância traz outro ingrediente: não é só o amor e o sexo, é a saudade. Eu estou num momento mais madura, fiquei dez anos casada com o Tiago dormindo e acordando junto todo dia. Minha família faz um pouco essa piada agora, mas ainda é só piada.”