O reencontro de velhos amigos é um tema recorrente no cinema. Mas ainda pode surpreender, como prova o longa brasileiro Entre Nós,
codirigido por Paulo e Pedro Morelli, pai e filho. O filme, com sessão
neste domingo, às 21h30, no Cinemark Botafogo 3, é um dos favoritos a
ganhar o Troféu Redentor, conferido ao vencedor da mostra competitiva do
Festival do Rio.
Não que a revelação que acontece em certo momento do filme seja
totalmente inesperada — ela já é sugerida durante a história. O que pega
o espectador de jeito é a tensão latente em cada reação e olhar dos
personagens. Caio Blat, Carolina Dieckmann, Maria Ribeiro, Júlio
Andrade, Paulo Vilhena, Martha Nowill e Lee Taylor são amigos com
pretensões literárias, alguns com livros já quase prontos, que se reúnem
na casa de campo de uma delas em 1992. O encontro, regado a música,
álcool, sexo e discussões literárias, termina em tragédia.
Dez anos depois, os seis que sobraram voltam a se juntar para lembrar
um dos amigos e, principalmente, para desenterrar as cartas que haviam
sido escritas para eles mesmos em 1992, antes do acidente. “A história
fala da passagem do tempo. A gente mostra os mesmos personagens em duas
épocas. Há muito tempo eu e o Pedro queríamos fazer um filme juntos, e
tínhamos essa vontade de falar sobre a amizade e sobre a passagem do
tempo”, diz Paulo Morelli.
O reencontro e a leitura das cartas faz com que eles confrontem
aquilo que desejavam com o que realmente realizaram. “O filme mostra o
que a vida faz com as pessoas, que muitas vezes abrem mão de um amor, de
um sonho, de uma vocação. Esse reencontro permite que os personagens
revejam suas vidas e suas escolhas”, diz a atriz Maria Ribeiro.
Há muito humor no filme, principalmente graças aos personagens de
Júlio Andrade e Martha Nowiil. Mas o saldo da reunião é amargo.
Traições, mágoas e decepções se acumulam na tela, num embate entre
jovens que permaneceram fieis a seus valores e outros que, ao longo dos
anos, abriram mão dos ideais.